Reunida em Sessão Ordinária na segunda-feira (5), a Câmara de Vereadores aprovou moção de autoria do vereador e presidente da Casa, Júnior Baptista, que manifesta pesar pelo falecimento de Marilene Galvão, integrante da dupla sertaneja As Galvão, ocorrido no dia 24/08/2022, na cidade de São Paulo.

Foi na Rádio Club Marconi, de Paraguaçu Paulista (SP), no ano de 1.947, que Mary, nascida em Ourinhos (SP), e Marilene, em Palmital (SP), nasceram artisticamente como Irmãs Galvão. Passaram parte de sua infância no distrito de Sapezal. Com 7 e 5 anos, respectivamente, foram incentivadas pelos pais, Bertholdo e Maria, e por Mário Pavanelli, a iniciarem a carreira artística, sendo a estreia em um programa comandado por Sidney Caldini.

Depois de passarem pelas rádios Difusora de Assis (SP) e Cultura de Maringá (PR), elas sonhavam ir para São Paulo. A oportunidade veio por meio do Dr. Miguel Leuzi, proprietário de uma rede de emissoras, que as recomendou para uma apresentação na Rádio Piratininga de São Paulo.

Lá chegando, foram inscritas em um programa de calouros, “Torre de Babel”, sob o comando de Salomão Ésper. Não concorreram ao prêmio, mas cantaram, encantaram e se tornaram profissionais da emissora.

A boa repercussão da participação rendeu-lhes uma melhor oferta para cantarem na Rádio Nacional, atual Globo e, em seguida, um contrato pela Rádio Bandeirantes, para os programas “Na Serra da Mantiqueira”, apresentado por Comendador Biguá, e “Brasil Caboclo”, por Capitão Barduíno.

Agradaram em cheio e foram procuradas e contratadas por Diogo Mulero, o “Palmeira”, diretor artístico da RCA Victor. Veio, então, o primeiro 78 rotações da carreira e a agenda, já bem recheada de shows, ficou repleta de compromissos devido ao sucesso que as músicas “Carinha de Anjo” e “Rincão Guarani” faziam nas rádios de todo o Brasil.

Além da RCA, ao longo da carreira a dupla passou pelas gravadoras Chantecler, CBS, Phillips, Continental, Warner e, atualmente, a Atração. Circos, estádios de rádios, teatros, ginásios, clubes, casas de cultura, praças… por onde passavam deixavam impressos o valor, a dignidade e o respeito com que a música sertaneja pode e deve ser levada ao público, seja ele urbano ou rural.

Mary e Marilene sempre se preocuparam com tudo em suas apresentações, principalmente com a maneira de vestir-se. O povo do campo se prepara com o que tem de melhor para ir às festas da cidade, daí o empenho de ambas em vestir suas melhores roupas, em respeito e retribuição ao público de modo geral, que sempre teve e tem para com elas, além de admiração, o maior carinho.

O sucesso dos primeiros programas exclusivamente sertanejos na televisão garantiu uma posição de prestígio a este gênero musical, que passou a ser mais executado do que a chamada “música urbana”. E as Irmãs Galvão sempre estavam entre as figuras de proa no “Viola, Minha Viola”, “Som Brasil”, “Canta Viola”, “Especial Sertanejo” e “Musicamp”, entre outros.

Este fato alavancou a comemoração do Cinquentenário da Música Sertaneja em um espetáculo realizado no Estádio do Pacaembu, tendo entre seus apresentadores nomes importantes como José Russo, Carlito Martins e Geraldo Meirelles.

Em 1985, o Maestro Mário Campanha começa a produzir os discos da dupla e com ela inaugura uma fase mais moderna. Assim, em 1985, lançam a lambada “No Calor dos Teus Abraços” e, com este LP, ganham Disco de Ouro, o que as projeta nacional e internacionalmente, com músicas tocadas em Portugal, Canadá e na Suíça. As irmãs, apesar de todo o sucesso, nunca se esqueceram de suas raízes. Por onde passaram levaram o nome de Paraguaçu Paulista, de Sapezal.

E por essa contribuição à nossa cidade, em 2002, esta Casa Legislativa, por meio de projeto apresentado pelo então Vereador Rubens Romeiro, outorgou às Irmãs Galvão, com muito orgulho, o Título de Cidadãs Paraguaçuenses, pelos relevantes serviços prestados ao município. A Sessão Solene foi uma festa, com alegria, músicas e muito saudosismo.

Já em 2013 o município inaugurou o Memorial “Irmãs Galvão”, no distrito de Sapezal. Instalado na casa onde residia o telegrafista da antiga FEPASA, ao lado da Estação Ferroviária do Distrito de Sapezal, o local dispõe de um acervo com dados sobre a dupla, além de fotos, objetos e instrumentos musicais que retratam a vida e carreira das artistas que representaram a cultura brasileira através da música caipira.

A dupla feminina mais antiga do país, após 74 anos de carreira, foi encerrada em 2021 após a enfermidade de Marilene.

“A perda da Marilene é muito significativa para a música sertaneja, para a cultura do nosso país, para o nosso município. Junto com sua irmã Mary, Marilene quebrou tabus, inseriu a presença feminina em um segmento até então dominado apenas pelos homens. Abriram caminho para muitas cantoras que hoje fazem sucesso e estão na mídia. Por toda a contribuição à música brasileira, à nossa cidade, esta Casa Legislativa não poderia deixar de prestar essa singela homenagem póstuma a esta mulher que muito nos orgulhou, apresentando publicamente sentimentos de pesar aos familiares, se solidarizando nesta hora de dor”, disse Júnior Baptista.

Após a votação da Moção, houve uma homenagem dos “Amigos da Viola”, que recitaram uma poesia e cantaram “Beijinho Doce” para os presentes e para a irmã de Marilene, Mary Galvão, que estava assistindo ao vivo por chamada de vídeo feita pela vereadora Vanes. Mary ficou muito emocionada, assim como todos os presentes na Sessão. Também esteve presente para prestigiar o momento o vereador da 13ª Legislatura (2001-2004), Rubens Romeiro, autor do projeto que deu o título de “Cidadãs Paraguaçuenses” às irmãs Galvão no ano de 2002.

05.09.22 Amigos cantam Galvao

05.09.22 Amigos As Galvao